Obras do PAS 2 e a Sociologia

Algumas obras do PAS 2 que vão te ajudar a compreender temas recorrentes da Sociologia: raça, multiculturalismo e racismo.

Olá, futuros calouros!! Espero que estejam todos bem e com saúde! Hoje vou abordar algumas obras do PAS 2 que vão ajudar vocês a se atentarem para alguns conteúdos bem recorrentes nas provas anteriores. Atenção aos termos em negrito!

Todas essas obras caminham juntas e contam a história do Brasil a partir de diferentes perspectivas, além de denunciarem as desigualdades que permanecem presentes ainda hoje. As obras são uma forma que o PAS utiliza muito para trazer à tona termos e ideias da Sociologia, por isso eu recomendo que não deixem de lado fenômenos históricos e sociais em suas análises!

Vou começar falando da música Inclassificáveis. Ela é importante para compreendermos o multiculturalismo no Brasil e sua complexidade, já que ser multicultural não isenta o país de desigualdades estruturais. Essa obra pode cair questionando essas desigualdades raciais no Brasil. No PAS 2 de 2019 caiu a seguinte questão sobre essa obra: “28. No Brasil, país de povo mestiço, inclassificável, tal como diz a letra da música, é possível identificar a disparidade entre brancos e negros, mostrada em indicadores referentes a renda, grau de instrução e população carcerária.”

Ela está correta. Dados que vão ser úteis para a sua prova e redação: segundo o estudo publicado em 2019 “Desigualdades sociais por cor ou raça” do IBGE, brancos têm renda 74% superior à pretos e pardos. Além disso, “Em 2018, no Brasil, os pretos ou pardos passaram a ser 50,3% dos estudantes de ensino superior da rede pública, porém, como formavam a maioria da população (55,8%), permaneceram sub-representados.”. E em relação à população carcerária: “Em 2019, os negros representaram 66,7% da população carcerária, enquanto a população não negra (considerados brancos, amarelos e indígenas, segundo a classificação adotada pelo IBGE) representou 33,3%.”

Já a obra A redenção de Cam, quadro de 1895 (apenas  sete anos após a abolição), oferece um panorama do racismo presente na formação da sociedade brasileira devido à políticas de embranquecimento da população. As teorias raciais (como o darwinismo social e a eugenia) se estabeleceram em meados do século XIX e rapidamente se institucionalizaram (isto é, viraram inspiração para políticas de Estado), impactando a forma como as pessoas e o Estado lidava com o multiculturalismo no Brasil, proveniente de séculos de escravidão.

O racismo científico, formulado na Europa e Estados Unidos, afirmava que a miscigenação causava a degeneração da população. Por um lado, era positivo para as elites brasileiras sustentarem essas teorias racistas, já que eram um meio de perpetuar as hierarquias sociais existentes no Brasil. Por outro lado, após a abolição, a maior parte da população brasileira era negra (o Brasil foi o país na América que mais importou africanos forçadamente: foram mais de 4 milhões de pessoas), e em tese isso reafirmava que o país tinha um destino impróspero pela frente. 

Como “solução” para o chamado “problema negro”, a teoria de embranquecimento foi uma reinvenção das teorias raciais europeias, formulada no Brasil com uma base eugenista. O objetivo era que a população brasileira se “europeizasse”, diminuindo o contingente de pessoas negras. Segundo George Reid Andrews (1998, p. 98), “Entre 1890 e 1914, mais de 1,5 milhão de europeus cruzariam o Atlântico rumo a São Paulo, com a maioria (63,6%) das passagens pagas pelo governo do Estado”. E é sobre isso que a obra trata: o Estado brasileiro via as pessoas negras como uma ameaça para a ordem e progresso (valores positivistas) do país, e as políticas de embranquecimento objetivavam apagar física e simbolicamente não a herança escravista, mas a parcela da população que remetia ao período escravista. Isso definiu a formação da sociedade brasileira, um dos temas mais recorrentes da 2ª etapa. 

A música Cota não é esmola expõe a dificuldade de acesso à educação por parte da população negra devido à desigualdade de renda e de oportunidades, o que ainda é um grave problema no Brasil. Bia Ferreira levanta o debate acerca da necessidade de políticas públicas que tentem atenuar essas desigualdades históricas. O acesso à educação é um direito individual que foi dificultado para as pessoas negras devido ao histórico de políticas racistas do Estado brasileiro. O sistema de cotas raciais para a graduação no Brasil foi implantado em 2012 e foi alvo de muitas críticas, mas como podemos conferir no estudo “Desigualdades sociais por cor ou raça”, essa lei tem, de fato, auxiliado no acesso de pessoas negras ao ensino superior.

Por fim, a filósofa Djamila Ribeiro no Ted Talk Precisamos romper com os silêncios questiona as relações de poder e as violências impostas e naturalizadas na sociedade. Ela propõe um novo “pacto de humanidade”, porque ainda existem vozes, ideias e experiências de vidas que são silenciadas e subalternizadas. O multiculturalismo não existe de forma livre se apenas algumas visões de mundo são levadas em consideração.

 

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Bibliografia

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/11/brancos-tem-renda-74-superior-a-de-pretos-e-pardos-diz-ibge.shtml

https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/25989-pretos-ou-pardos-estao-mais-escolarizados-mas-desigualdade-em-relacao-aos-brancos-permanece

http://informe.ensp.fiocruz.br/noticias/50418

https://brasil500anos.ibge.gov.br/territorio-brasileiro-e-povoamento/negros.html

http://www.pordentrodaafrica.com/educacao/as-politicas-de-branqueamento-1888-1920-uma-reflexao-sobre-o-racismo-estrutural-brasileiro

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